Tenho tido tanta sorte no meu caminho profissional - que tem tanto de pessoal também - e hoje queria partilhar uma experiência recente convosco, porque estou feliz e quero celebrar a comunidade de profissionais maravilhosos com quem tenho tido o privilégio de trabalhar ao longo dos anos. Há algum tempo atrás, propus escrever um livro sobre os direitos da criança na saúde em Portugal a uma pessoa que me é muito querida, com quem trabalhei e aprendi sempre muito. Como sempre, a Professora (a única) acolheu o novo desafio que lhe propunha e, em pouco tempo, a ideia foi maturando e, um livro que inicialmente teria sido escrito entre nós as duas, acabou por receber o contributo de um total de 14 profissionais. Quisemos juntar as principais instituições que trabalham para os direitos da criança e a saúde infantil em Portugal, bem como, profissionais de várias disciplinas, saberes e experiências e assim o fizemos. Estou muito orgulhosa do resultado final, expectante dos próximos passos, mas sobretudo tão feliz pelo caminho que percorremos juntos ao longo destes meses. Escrever um livro, quando já se é professor universitário, jurista ou sociologista, quando se é mãe de um, dois ou três filhos, ou se tem mais do que um chapéu profissional, não é para qualquer pessoa. Mas cada um sem exceção abraçou esta aventura, com toda a boa disposição e vontade que lhes é característica.
Em português dizemos “quem corre por gosto, não cansa” e eu tenho a felicidade de ter várias comunidades destas, feitas de pessoas genuínas e apaixonadas, de profissionais empenhados em melhorar a situação das crianças seja na saúde, na escola ou nos tempos livres. Pessoas que não conseguem dizer não a mais um desafio, porque querem tanto contribuir para um mundo melhor. Pessoas que se dão de corpo e alma – toda uma vida – à causa.
Também eu faço parte desses loucos e tenho a sorte de ter estado sempre muito bem acompanhada. Nunca conheci o Martin Luther King, nem o Nelson Mandela nem a Malala, mas estou rodeada de tantos outros humanistas que têm contribuído para avançar sistemas nacionais de saúde no seu próprio país e pelo globo, pessoas que desenvolvem estratégias, programas e políticas novas e inovadoras, professores que criam novos currículos universitários ou pediatras que se reformam e vão trabalhar voluntariamente para campos de refugiados. Está-nos no sangue trabalhar para a mudança, porque nós acreditamos nela. Cada um, à nossa maneira, acredita que é possível criar um mundo melhor e, até que esse dia chegue, não iremos deixar de lutar.
Obrigado a tantos, tantos, de vocês.
Ana